É dia 20 de Janeiro, o Corpo de Interbenção do MPPPNGPEPONG está nas suas lides diárias a treinar punhada em titânicos presuntos de porco do Lau (pra ficarem mais fáceis de traçar e pra preparar os músculos prá rebolução brabia). Os parsuntos estão pindurados aos badalos de sinos, pra que cada bez que levam uma punhada, toque o sino e toda a gente fica a saber que a rebolução está a ser preparada.
Enquanto isto se processa aparece o Gilberto do Coice-Negro com notícias frescas:
- Já biram isto? Já biram esta balhana aqui? – anuncia esbaforido.
- Ainda nã bimos, mas tamos aquaise a ber!... Diz lá intão o que é que se passa. – dizem os homes, enquanto espetam uma punhada nos parsuntos caté os sinos tocam, como o carrilhão de Mafra, uma música dos Trio Odemira.
- Diz aqui: “polícias da Divisão de Segurança Aeroportuária de Lisboa, realizaram hoje um almoço de indignação, para exigirem o fim das arbitrariedades que estão a ser cometidas”
- O queim?!! Polícias num almoço de indignação?!!!
- Isto tá bonito, tá!! Tou mesmo a ber os polícias uns prós outros: “é pá, a malta tá a roubar a gente!” e diz outro “Pois é, tou a ficar indignado”, e diz outro “E o que é que a gente faz?” e responde outro “Vamos almoçar”, e diz outro “Vamos almoçar indignados”, e diz outro “Vamos prá luta, vamos fazer um almoço de indignação”, e dizem todos “Isso é que é luta! Bora lá mazé almoçar!”...
- Peraí, peraí. O que é que quer dzer “indignados”? Que porra é essa? – pergunta espantado o Giraldes Desatarracha.
- É o mesmo que “amuados”... – responde Clementino Hidrálico.
- É o mesmo que “amarrar o macho”... – reforça Raimundo das Picaretas.
- Hummm!!! Quer dzer intão que a luta dos polícias é traçar uma bela duma almoçarada pra amarrar o macho, e assim acreditam que as coisas bão mudar. Adonde é que eles aprinderam a lutar heim?!!
- Bamos mazé buscar eles, pra aprinderem a lutar como os homes, aqui no MPPPNGPEPONG.
- Bamos lá intão.
Rapidamente se forma uma coluna de tratores blindados, uns da leitaria do Leonel o Ordenhador, e outros com restos ressequidos da bindima de Setembro. A coluna sai que nem um foguete em direção aos polícias amuados.
Quando lá chega, estão os polícias a amarrar o macho, de bucho cheio, e a temer represálias dos seus superiores.
Há uma certa fragrância no ar.
Os polícias são atraídos pelo cheiro a leite de cabra e sobem logo prós atrelados, onde se sentem seguros. Lá dentro, acompanhados pelas forças especiais de segurança do MPPPNGEPONG, têm uma cumbersa de teor parbo-pedagógico:
- Atão bocezes ainda acreditam que é a amuar e a comer que nem uns perdidos que resolbem as coisas?!!! Hã?
- Pois, nós pensámos que esta era uma forma original de nos manifestarmos.
- Tão parbos ó quê?! Isto quer é logo punhada pas trombas na ladroaige, pra perceber quem é que manda aqui.
- Pois, essa era a nossa vontade, mas não foi assim que nos ensinaram. – responde um polícia amuado.
- Bocês bão agora amais a gente, e bão aprinder a ser homes balentes. Mas primeiro têm de fazer um juramento caramelo, aqui já.
- E que juramento é esse? – pergunta um polícia impanturrado.
- Ohh home! É a palabra d’honra: o que tá dito, tá dito e nã bolta atrás.
- Ahhh!! – exclamam os polícias a arrotar a almoço-de-indignação.
- Intão é assim: bocêzes a partir de agora nã andam feitos parbos com medo da galfarraige política e comparsas, porque assim acabam por defender a ladroaige em bez de defender do pobo. A partir de agora, tudo o que aprenderem é pra defender o pobo caramelo e arrabaldes. A partir de agora é pra tar ao lado da gente na rebolução popular. Hã? Querem ou nã querem?
- Sim. Queremos. – respondem os polícias ainda com um certo cheiro a leite.
Dita a palabra d’honra, os polícias foram logo transferidos pró atrelado com cheiro a bindima, para assim se adaptarem ao ambiente característico da sede do MPPPNGEPONG, que bai fazer deles uns homes balentes.
É parciso dizer a gente em bez de dizer eles
É parciso dizer bora lá, em bez de dizer paraí q’eu já bou,
É parciso ser toiro do Rio Frio, em bez de ser rato
É parciso pôr mais lenha em bez de paninhos quentes,
É parciso fazer o que tem de ser feito, em bez de andar a armar ós cucos.
É parciso dar punhada pas trombas em bez de andar de trombas.
Palavras de ordem do MPPPNGPEPONG